sexta-feira, 1 de julho de 2016

Microcefalia: Brasil avalia mudanças no protocolo

A microcefalia e o histórico de exantema durante a gestação são critérios insuficientes para identificar as consequências da infecção pelo vírus Zika em recém-nascidos. A constatação faz parte de um estudo encomendado pelo Ministério da Saúde, publicado, nesta quarta-feira (29), pela revista científica britânica, The Lancet. Os resultados do estudo sugerem que os sinais e sintomas de alterações neurológicas sejam incluídos como critérios para triagem dos bebês, independentemente da presença ou não de microcefalia.

O estudo foi feito em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Sociedade Brasileira de Genética Médica, o Centro Latino Americano de Perinatologia da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS/OMS) e a Universidade de Harvard, dos Estados Unidos. Foram analisados 1.501 nascidos vivos, que já haviam sido investigados pelas secretarias estaduais e municipais de saúde, sendo este o maior estudo já feito sobre o tema no mundo. Antes, o maior estudo havia analisado 104 crianças.

A pesquisa mostra que, de cada cinco crianças com infecção congênita pelo vírus Zika - confirmada ou provável - uma não apresentava microcefalia, indicando que 80% das crianças foram captadas por meio da investigação utilizando o critério de microcefalia e exantema. “Estamos adequando nossos protocolos a esses achados para ampliar as investigações e melhorar nosso sistema de vigilância. Neste momento, o Brasil e o mundo já acumularam mais conhecimentos sobre a doença e podemos, com esse aprendizado, aprimorar o monitoramento das consequências da infecção congênita pelo vírus Zika”, explicou o coordenador-geral de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública, do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira.

No começo das investigações da epidemia, em novembro de 2015, o Ministério da Saúde adotou uma definição de caso mais sensível para identificar a microcefalia, tendo como critério 33 cm de perímetro cefálico para recém-nascidos de ambos os sexos. Essa definição foi, posteriormente, alterada para 32 cm. A adoção dessas definições mais sensíveis permitiu identificar que 20% das crianças com alguma condição de importância clínica não apresentavam microcefalia. Portanto, esse é um importante aspecto que está sendo considerado para ajustar o modelo de vigilância de Microcefalia para Alterações Congênitas.

O artigo foi elaborado com base em informações do Registro de Eventos em Saúde Pública (RESP) e Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde, com o apoio de todos os estados do país. Com base neste achado, o Ministério da Saúde já está estudando a adequação do atual Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia e/ou Alterações do Sistema Nervoso Central. Vale ressaltar que a investigação de outras causas já é realizada pelo Ministério da Saúde em articulação com estados e municípios, por meio dos testes de audição e visão.

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