sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Minas Gerais: crise hídrica faz dengue disparar



Esperava-se que com a falta de chuva em Minas Gerais a dengue recuasse consideravelmente. Porém, o que tem acontecido em 2015 é justamente o contrário. De janeiro a setembro, houve 127,2 mil registros confirmados da doença, um aumento de 165% em relação ao mesmo período do ano passado (47,9 mil).

Uma das justificativas para a elevação está no armazenamento de água feito por muita gente para escapar da crise hídrica. “Neste ano, percebemos um aumento no número de reservatórios de água de chuva, que possivelmente interfere nessa transmissão”, explica a coordenadora do Programa Estadual de Controle Permanente da Dengue da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Geane Andrade.

Em Governador Valadares (Leste de Minas), por exemplo, em quatro bairros da cidade com maior índice de infestação de larvas do mosquito transmissor, a maioria dos focos (52%) estava concentrada em tinas, tonéis e tambores usados pela população para guardar água.

Em Belo Horizonte, o número de doentes avançou 56% nos nove primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano anterior. Foram 16.791 casos notificados (entre confirmados e suspeitos). A região com maior incidência foi a Norte, seguida da Noroeste e do Barreiro.

Por causa do aumento, a prefeitura intensificou campanhas educativas e a fiscalização, principalmente no Barreiro.

Em toda a cidade, cerca de 80% dos focos do mosquito estão nos domicílios, de acordo com último Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), divulgado em março. A pesquisa ainda revelou que 2,8% dos imóveis contam com a presença do vetor da dengue, ou seja, quase três em cada cem domicílios apresentam focos.

A Secretaria de Estado de Saúde informou que estimula a elaboração dos planos de contingência municipais para o enfrentamento do próximo período de transmissão. Neste mês, haverá a realização do LIRAa em 136 municípios.

O crescimento em Minas segue a tendência nacional. Em todo o Brasil, o aumento foi de 164% no número de casos. Até agosto, foram 1,3 milhão de notificações, enquanto que, no mesmo período do ano passado, 511 mil. Na liderança do ranking das regiões com maior incidência está a Sudeste (869 mil), seguida da Nordeste (239 mil) e da Centro-Oeste (162 mil).

Presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano destaca o papel da população. “O combate à dengue depende da precaução tomada por cada um de nós”.

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