Esperava-se que com a falta de chuva em Minas
Gerais a dengue recuasse consideravelmente. Porém, o que tem acontecido em 2015
é justamente o contrário. De janeiro a setembro, houve 127,2 mil registros
confirmados da doença, um aumento de 165% em relação ao mesmo período do ano
passado (47,9 mil).
Uma das justificativas para a elevação está
no armazenamento de água feito por muita gente para escapar da crise hídrica.
“Neste ano, percebemos um aumento no número de reservatórios de água de chuva,
que possivelmente interfere nessa transmissão”, explica a coordenadora do
Programa Estadual de Controle Permanente da Dengue da Secretaria de Estado de
Saúde (SES), Geane Andrade.
Em Governador Valadares (Leste de Minas), por
exemplo, em quatro bairros da cidade com maior índice de infestação de larvas
do mosquito transmissor, a maioria dos focos (52%) estava concentrada em tinas,
tonéis e tambores usados pela população para guardar água.
Em Belo Horizonte, o número de doentes
avançou 56% nos nove primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período do
ano anterior. Foram 16.791 casos notificados (entre confirmados e suspeitos). A
região com maior incidência foi a Norte, seguida da Noroeste e do Barreiro.
Por causa do aumento, a prefeitura
intensificou campanhas educativas e a fiscalização, principalmente no Barreiro.
Em toda a cidade, cerca de 80% dos focos do
mosquito estão nos domicílios, de acordo com último Levantamento do Índice Rápido
do Aedes aegypti (LIRAa), divulgado
em março. A pesquisa ainda revelou que 2,8% dos imóveis contam com a presença
do vetor da dengue, ou seja, quase três em cada cem domicílios apresentam
focos.
A Secretaria de Estado de Saúde informou que
estimula a elaboração dos planos de contingência municipais para o
enfrentamento do próximo período de transmissão. Neste mês, haverá a realização
do LIRAa em 136 municípios.
O crescimento em Minas segue a tendência
nacional. Em todo o Brasil, o aumento foi de 164% no número de casos. Até
agosto, foram 1,3 milhão de notificações, enquanto que, no mesmo período do ano
passado, 511 mil. Na liderança do ranking das regiões com maior incidência está
a Sudeste (869 mil), seguida da Nordeste (239 mil) e da Centro-Oeste (162 mil).
Presidente da Sociedade Mineira de
Infectologia, Estevão Urbano destaca o papel da população. “O combate à dengue
depende da precaução tomada por cada um de nós”.
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