Método desenvolvido pela Fiocruz combina duas
técnicas de imunização. Primeiros resultados de testes em camundongos mostraram
eficácia de 100%. Em 2015, começam os testes em macacos.
Após resultados iniciais promissores, começa
em 2015 a nova fase de testes da vacina brasileira contra a dengue,
desenvolvida no Instituto Oswaldo Cruz. Diferente de outras vacinas pesquisadas
para a doença, o método brasileiro inova ao combinar duas técnicas de
imunização.
Para aumentar a eficácia de proteção,
pesquisadores brasileiros uniram a técnica conhecida como vacina de DNA com o
uso do vírus da febre amarela.
Na técnica vacina de DNA, determinados genes
do vírus da dengue são inseridos em moléculas chamadas plasmídeos. Quando
aplicada em indivíduos, essa molécula produz proteínas do agente infeccioso,
estimulando o sistema imunológico a combatê-lo.
A técnica do vírus quimérico da febre
amarela, por sua vez, estimula a produção de anticorpos através de um vírus
atenuado e modificado, que não causa a doença. No caso da vacina brasileira,
alguns genes do vírus da febre amarela foram substituídos pelos da dengue. Esse
método foi desenvolvido no Instituto Bio-Manguinhos, que também faz parte da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Testadas isoladas, as duas abordagens não apresentaram
resultado totalmente satisfatório. "Mas ao juntarmos as duas estratégias,
os animais ficaram completamente protegidos, não apresentaram nenhum sintoma da
doença. A abordagem é pioneira, pois essa combinação de técnicas nunca havia
sido testada", conta a bióloga Ada Alves, coordenadora do estudo.
O grande desafio para o desenvolvimento de
uma vacina da dengue são as variações do vírus, que possuiu quatro sorotipos.
Geralmente, a segunda vez que um indivíduo é infectado pelo vírus, o curso da
doença tende a ser mais severo do que em pessoas sem qualquer imunidade.
Por isso, a vacina da dengue precisa proteger igualmente contra todas as
variações do vírus. "Uma vacina que não proteja contra todos os sorotipos
pode simular uma primeira infecção. Ao ser infectado com um sorotipo diferente
do qual está protegido, a pessoa pode vir a desenvolver uma dengue mais
grave", afirma Alves.
Atualmente, a vacina da dengue que está na
fase de testes mais avançada é a desenvolvida pela farmacêutica francesa Sanofi
Pasteur. Os resultados dos últimos testes antes de ser lançada no mercado, no
entanto, não apresentaram uma eficácia totalmente satisfatória.
"Ela não protege de maneira igual contra
os quatro sorotipos da dengue, e isso é problemático", conta o virologista
Jonas Schmidt-Chanasit, do Instituto Bernhard-Nocht para Medicina Tropical, em
Hamburgo.
O método duplo desenvolvido pela Fiocruz
possibilita a redução no número de doses e no intervalo entre elas. A vacina
também deve proteger contra todas as variações do vírus. Os testes com o sorotipo
2 começam a ser realizado em macacos no próximo ano, e em paralelo, serão
realizados testes em camundongos com os outros três tipos.
A expectativa é de que os testes clínicos da
vacina tetravalente em humanos comecem em cinco anos. Schmidt-Chanasit acrescenta,
porém, que, apesar dos primeiros resultados promissores, é preciso cautela para
falar sobre o sucesso da vacina e fazer prognósticos.
"A abordagem brasileira é muito
interessante, mas ainda está numa fase muito inicial. Os testes iniciais da
Sanofi Pasteur pareciam ser promissores, mas a agora, na fase final, a proteção
da vacina não foi a esperada", diz o virologista.
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