domingo, 1 de dezembro de 2013

FIFA, governo e patrocinadores precisam alertar turistas, diz especialista



Com a definição, na próxima sexta-feira, das seleções que integrarão cada grupo do Mundial de 2014, torcedores de todas as partes do globo começarão a organizar a visita ao Brasil, que deverá receber 600 mil turistas estrangeiros entre junho e julho. Nesse período, os casos de dengue diminuem significativamente em relação ao verão, mas um artigo publicado na revista Nature sugere que, além do calendário dos jogos, os viajantes internacionais devem ter, na ponta da língua, informações sobre a doença. O Ministério da Saúde garante, contudo, que não há motivo de preocupação.

Especialista em epidemiologia de doenças tropicais da Universidade de Oxford, o zootecnólogo Simon Hay defende que a FIFA, o governo brasileiro e os patrocinadores da Copa precisam alertar os turistas sobre a circulação, no Brasil, do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. “Assim como o tempo, é impossível prever a situação precisa em relação à dengue no Brasil em 2014. Nós podemos, contudo, informar os visitantes com base na média de dados dos anos anteriores”, alega Hay.

Números do Ministério da Saúde mostram que o pico de infecções ocorre do fim do verão ao início de junho, quando as notificações de casos começam a baixar. De acordo com o Levantamento Rápido do Índice por Aedes aegypti (LIRAa), divulgado há duas semanas, até 8 de novembro, 525 municípios abrangidos pela sondagem estavam em situação de alerta e 157, em risco. Outros 633 foram considerados satisfatórios. Seis capitais não apresentaram os dados para o ministério: Florianópolis, Belém, Maceió, Recife, Natal e São Paulo, sendo que as três últimas sediarão o Mundial. Das demais cidades que receberão jogos, Manaus, Rio de Janeiro e Salvador encontram-se, hoje, em situação de alerta.

“Nas áreas ao redor de nove dos estádios da Copa do Mundo, os registros mostram que a principal temporada de dengue já terá passado antes do campeonato. Infelizmente, o risco continua alto durante esses meses no Nordeste”, ressalta Simon Hay. O cientista inglês recomenda ainda que “as autoridades brasileiras devem implementar um controle de vetor agressivo em abril e maio, particularmente perto dos estádios do norte, para diminuir o número de mosquitos transmissores da dengue”, citando o fumacê como uma estratégia de combate.

O Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, afirma que as alegações do zootecnólogo não procedem. “Acho que esse pesquisador desconhece que o Brasil tem um programa permanente de controle da dengue”, afirma. Com objetivo de reduzir a infestação pelo Aedes aegypti, a incidência da dengue e a letalidade por febre hemorrágica, o Programa Nacional de Controle da Dengue foi instituído em 2002. Além disso, Barbosa afirma que, nos meses da Copa, as cidades nordestinas não apresentam risco maior, ao contrário do que disse Simon Hay. Considera-se situação de risco um município que registra mais de 300 casos em cada 100 mil habitantes. Entre junho e julho, a média de Fortaleza é de 10 por 100 mil; a de Salvador é 5,6 e a de Natal, 23,5.

Jarbas Barbosa lembra que, neste ano, foram feitas campanhas informativas sobre a saúde do viajante, incluindo dicas sobre a dengue, por ocasião da Copa das Confederações e da visita do papa durante a Jornada Mundial da Juventude. “Vamos divulgar informações importantes, como a necessidade de vacina contra a febre amarela e a influenza, cuidados com a malária, com a água, com a comida de rua etc.”, diz Barbosa.

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