quinta-feira, 17 de outubro de 2013

BH: só 40% da verba no combate à dengue foi usada



Das 105 mortes por dengue confirmadas no Estado apenas este ano, 8 foram registradas em Belo Horizonte. Em 2012, 500 casos da doença foram notificados pela Secretaria Municipal de Saúde e, em 2013, este número foi ainda maior: 87.213 pessoas tiveram dengue somente entre janeiro e setembro de 2013.

O número já é assustador, mas pode ser ainda maior, segundo o Ministério Público de Minas Gerais, que entrou com uma Ação Civil Pública (ACP) contra a prefeitura nesta quinta-feira (17). A denúncia dá conta de que o município gastou menor de 40% da verba destinada para combater a doença na capital.

Em coletiva durante a tarde na Procuradoria-Geral de Justiça, o promotor Nélio Costa Dutra Junior, informou que os casos de dengue em Belo Horizonte são subnotificados, o que significa que os dados divulgados pela Secretaria de Saúde podem estar bem abaixo do número real de pessoas que contraíram a doença. Para ele, o contraste entre os números reais e os números divulgados se deve a estrutura precária que o sistema tem para guardar essas informações.

Precária também é a estrutura dos centros de saúde da capital para o combate da doença. "Em abril deste ano visitei cerca de 20 unidades na capital junto com o departamento nacional de auditoria do Sistema Único de Saúde (SUS), e constatamos a precariedade dos centros de saúde", disse. Ainda de acordo com ele, a quantidade de agentes de saúde neste local é muito baixa.

O SUS determina que os municípios tenham um agente de combate a dengue para cada 800 e segundo Nélio, em BH este número está bem abaixo do ideal. Como exemplo, ele citou o posto de saúde do bairro Maria Goretti, na região Nordeste da capital, que conta com apenas três agentes para atender a 18 mil moradores.

De posse das apurações, o promotor considerou que houve omissão por parte do poder público, uma vez que havia o recurso disponível e ele não foi usado. Na capital, a verba destinada ao combate a dengue é de R$ 187 milhões e menos de 40% deste valor foi investido em ações de combate a dengue.

O promotor revelou que a visita às unidades era um procedimento padrão, mas após receber diversas denúncias de pacientes e também de funcionários dos postos, sobre a estrutura precária e a superlotação nas unidades de saúde por causa do grande número de casos da doença, ele resolveu aprofundar as investigações. "Em BH, já existe um protocolo de atendimento a dengue, mas ele leva em consideração a estrutura já existente, que não comporta a demanda", explicou.

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