A morte de uma mulher com dengue em São José do Rio Preto (SP) depois de ir cinco dias em uma unidade básica de saúde colocou em cheque a eficiência do atendimento na cidade, principalmente para pessoas que já tiveram a doença. Com isso, moradores se sentem reféns de um sistema que se mostra ineficiente e a família quer explicações.
A mulher, de 36 anos, já havia sido vítima da dengue em outra época, acabou morrendo depois de peregrinar aos postos de saúde. Um dia depois de perder a filha para dengue, a dona de casa Jandira Pires de Morais ainda não se conforma. “Minha filha estava com muita fraqueza, não conseguia reagir. Estava muito fria e só foi piorando”, afirma a mãe.
A notícia da morte da mulher deixou os vizinhos preocupados. Na casa da funcionária pública Maria Retuchi, todo mundo já teve dengue. Ela reclama dos mosquitos e usa diariamente repelente e aplica veneno pela casa. “Os pernilongos estão picando a gente e não sabemos mais o que fazer para acabar com eles. Então ficamos com medo também de ficar com dengue e acontecer uma fatalidade igual aconteceu com a mulher”, diz Maria.
O corpo da mulher, que era auxiliar de dentista, foi enterrado nesta sexta-feira (23). No velório, amigos e parentes inconformados. “Eles atendiam e a liberavam. Como ela não conseguia nem andar, a trouxe três vezes para a casa dela”, afirma Jair Pereira Pires, tio da vítima.
A família acusa os médicos e enfermeiros de negligência. Segundo a mãe da vítima, os primeiros sintomas começaram a aparecer no feriado de quinta-feira (15), e desde então eles vieram cinco dias seguidos buscar atendimento, mas a doença demorou a ser diagnosticada. Diante da situação, os parentes da vítima vão registrar o caso na policia. “Ela falou que já teve dengue hemorrágica, avisou aos médicos. E de domingo para cá ela foi inchando e na UTI a médica falou que o rim dela já estava paralisando”, afirma a mãe.
De janeiro até ontem, 358 casos da dengue foram registrados em Rio Preto. Os casos de dengue na região caíram de 3.604, em 2011, para 612, neste ano. Apesar disso, a região de Rio Preto continua no topo quando se trata de mortes. Foram 13 mortes até o momento no estado. Destas, quatro são na região: duas em Rio Preto e as outras duas em Novais e Ibirá, cidades que ficam num raio de 75 quilômetros.
Isso significa 30% das mortes do estado estão concentras na DRS (Direção Regional de Saúde) de Rio Preto – composta por 102 municípios.
A Secretaria de Saúde do estado contabiliza até o momento 12 mortes. Isso porque o caso de Rio Preto, que seria a 13ª morte, ainda não entrou nas estatísticas oficiais do estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário