Estudo internacional para bloquear a transmissão do
vírus da dengue pelo mosquito Aedes aegypti já está sendo aplicado no Brasil.
O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) trouxe para o País uma
pesquisa que utiliza a bactéria Wolbachia para bloquear a transmissão do vírus
da dengue pelo mosquito Aedes aegypti. O projeto “Eliminar a dengue: Desafio
Brasil” foi apresentado durante a 12ª Mostra Nacional de Experiências
Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (EXPOEPI),
evento da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde.
Durante a apresentação do projeto, o pesquisador da
Fiocruz/MG, Luciano Andrade Moreira, explicou que a inserção da bactéria na
larva do mosquito transmissor da dengue é capaz de bloquear o vírus da doença.
"A pesquisa começou na Austrália, onde mosquitos com a bactéria foram
alimentados com o vírus da dengue. Depois disso verificaram que esses mosquitos
não foram infectados, ou seja, o vírus foi anulado”, explica Luciano.
O secretário de vigilância em Saúde, Jarbas
Barbosa, reconhece o estudo australiano e aposta nos efeitos positivos da pesquisa
no Brasil. “Nós temos que aprofundar esse estudo também no Brasil. Comprovada a
eficácia, será uma ferramenta a mais no controle da doença".
Os pesquisadores australianos já estão na fase
final do estudo. Mosquitos infectados pela bactéria foram liberados durante dez
semanas em uma região tropical, em janeiro de 2011. Hoje, 100% dos mosquitos
ainda estão infectados com a Wolbachia, que se espalhou e continuou presente no
habitat do inseto.
O Brasil ainda está na fase preliminar do estudo em
laboratórios da Fiocruz. Segundo Luciano Moreira, a expectativa é que o
trabalho de campo comece em maio de 2014. “Trouxemos óvulos dos mosquitos
infectados com a bactéria e fizemos vários cruzamentos com mosquitos do Brasil.
Assim conseguimos passar a bactéria para a população brasileira do mosquito”,
explicou o pesquisador.
A primeira fase do estudo brasileiro consiste no
reconhecimento da população de Aedes aegypti em 28 áreas do Rio de
Janeiro, onde será realizado todo o estudo. “Nossos resultados preliminares
mostraram que a população de mosquitos pesquisados é semelhante entre si, o que
favorece o projeto”.
EXPOEPI – A exposição tem como principal objetivo difundir
temas importantes para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) além de
premiar, por meio de sua Mostra Competitiva, os profissionais e os serviços de
saúde do País que se destacaram no desenvolvimento de ações de vigilância em
saúde. Também são expostos painéis e realizadas mesas redondas, com debates de
cunho técnico-científico relevante para o aprimoramento das ações de vigilância
em saúde.
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