Uma nova técnica - desenvolvida por pesquisadores do Centro de Energia Nuclear
na Agricultura (Cena)
da Universidade de São Paulo (USP)
- utiliza a radiação para tornar o mosquito Aedes Aegypti, o transmissor do
vírus da dengue, incapaz de se reproduzir. O estudo é realizado em parceria com
a empresa Bioagri, localizada em Charqueada, São Paulo.
O processo consiste em jogar radiação na pupa, como
é chamada a fase jovem do inseto macho. Com uma baixa dosagem de radiação gama,
que tem como fonte o Cobalto 60, o inseto fica incapaz de fecundar a fêmea. “O
macho copula com a fêmea e ela põe os ovos, mas esses ovos não eclodem”,
explica o coordenador da pesquisa, professor Valter Arthur.
O objetivo dos pesquisadores é - ao liberar uma grande quantidade de mosquitos estéreis (produzidos em laboratório) na natureza, de preferência em localidades onde a infestação é maior - haja a possibilidade de redução da quantidade de machos com capacidade de reproduzir. “A ideia é diminuir a probabilidade do macho normal cruzar com a fêmea normal”, disse Valter.
Outra vantagem de colocar radiação no Aedes Aegypti é o método ser limpo, sem oferecer risco ao meio ambiente como, por exemplo, o uso de inseticidas.
Na primeira fase do estudo, que durou três meses, os pesquisadores conseguiram determinar o nível de radiação para impedir a proliferação do mosquito. O próximo passo a ser seguido será o teste de compatibilidade, no qual será testada a possibilidade de cruzamento dos insetos. “Não adianta liberar o inseto estéril e ele não procurar a fêmea, ou a fêmea não aceitar o macho estéril”, explica. A expectativa é que toda a pesquisa seja concluída em, aproximadamente, dois anos.
O coordenador afirma que estudos com radiação em
insetos são feitos há mais de 30 anos. Porém, é importante esclarecer que a
técnica não será capaz de erradicar totalmente a transmissão da doença, mas
sim, diminuir a proliferação a um nível que não seja de epidemia.
O último balanço do Ministério da Saúde aponta que foram confirmados 472.973 casos da doença de janeiro até o dia 4 de julho. No período, foram registradas 154 mortes.
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