sábado, 3 de março de 2012

A história se repete

Diário de Cuiabá
Todo ano nessa mesma época a história se repete, é como um círculo vicioso. E a cada ano os números mostram que estamos longe de acabar com esse perigo que ronda nossas casas, escolas e locais de trabalho. O mosquito transmissor da dengue, nosso velho e conhecido Aedes aegypti, parece não dar trégua e, pelo menos até agora, está na frente nessa luta. Embora o Ministério da Saúde tenha anunciado esta semana que os casos notificados de dengue no país foram reduzidos em 66% no começo do ano, ainda assim os números são preocupantes, até porque Mato Grosso é um dos três estados que registraram crescimento no número de diagnósticos da doença em relação a 2011.

A cada ano o cenário pode até ser diferente, mas o drama é o mesmo. E o que é pior: é uma tragédia anunciada, pois as causas são de pleno conhecimento de todos. Mas parece que é muito difícil fazer a lição de casa, que nada mais é do que promover a limpeza de terrenos baldios e de manter quintais livres de tudo o que possa servir de criadouro para o mosquito. Apesar das campanhas de alerta sobre a necessidade de se evitar a proliferação do mosquito e também sobre a gravidade da doença, boa parte da população ignora as medidas de precaução e faz de seu quintal verdadeiros ‘hotéis’ para o Aedes aegypti, colocando em risco sua saúde e de toda a vizinhança. Sem contar os inúmeros terrenos baldios e áreas que pertencem a órgãos públicos totalmente abandonados, transformados em ambientes mais que propícios para a proliferação do mosquito. A explicação para esse descaso pode estar ligada ao fato de que muitas pessoas ainda acreditam que a dengue é apenas uma doença passageira, como um simples resfriado. Ledo engano.

As crianças, como sempre, são as mais suscetíveis à doença e também as que mais facilmente podem ir a óbito. Estão sempre mais expostas e são menos resistentes. Sem contar que quando levadas aos centros de atendimento médico muitas são mandadas de volta para casa com o diagnóstico de ‘virose’. Quando constatada a gravidade da situação, muitas vezes já não há como reverter o quadro. A semelhança dos sintomas e a falta de preparo na área de saúde para diagnosticá-los da forma correta só faz aumentar os números das estatísticas.

Enquanto não houver uma mudança de atitude no combate ao mosquito transmissor da doença, com a disputa entre as autoridades federais, estaduais e municipais para se livrar da responsabilidade sobre o caos; e a adoção de condutas mais sérias e eficazes por parte da população, assumindo sua parcela de culpa e fazendo sua parte para evitar ter em suas casas focos da doença, vamos continuar assistindo o registro de novos casos e sendo vencidos por um mosquito em pleno século XXI, na era da tecnologia.


TÂNIA NARA MELO é editora de Opinião do Diário

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