O pagamento de
bônus a agentes de controle da dengue em Palmas, capital do Tocantins, está
provocando divergências entre o governo do Estado e a prefeitura. A ação foi
colocada em prática em dezembro passado, quando a prefeitura de Palmas recebeu
verba adicional do Ministério da Saúde de cerca de R$ 300 mil para combate à
doença. A partir daí, decidiu oferecer bônus no valor de R$ 150 aos agentes que
cumprirem a meta de vistoriar 25 imóveis por dia.
Os funcionários
visitam as casas, o comércio e as empresas em busca de criadouros do mosquito
transmissor, onde borrifam larvicida e orientam os moradores para prevenir a
doença. No total, o município dispõe de 96 agentes para inspecionar 80 mil
imóveis, entre casas, terrenos baldios e centros comerciais.
Segundo o diretor
de Vigilância em Saúde de Palmas, Cláudio Garcia, o incentivo tem dado bom
resultado. Antes do bônus, os agentes inspecionavam, em média, 15 imóveis
diariamente. Nas primeiras semanas do ano, foram 41 mil visitas - 10 mil a mais
em relação a janeiro de 2011. A ideia da bonificação é inspirada, informou
Garcia, em iniciativa adotada em Minas Gerais e que teve sucesso.
Na avaliação do
diretor estadual de Vigilância de Doenças Vetoriais e Controle de Zoonoses,
Whisllay Bastos, os agentes deveriam ser deslocados e as ações reforçadas em
áreas da cidade que estão descobertas, em vez da premiação. "Não faz muito
sentido. O Ministério Público também está questionando."
A promotora do
Ministério Público do Tocantins Maria Roseli Pery critica a iniciativa. Para
ela, Palmas vive um surto de dengue porque os agentes e a gestão da secretaria
municipal têm falhado. "Ele agente entra na residência para acabar com o
foco e não realiza a atividade de forma eficiente. Essa bonificação, a meu ver,
é equivocada", disse a promotora de Justiça, responsável por cuidar de
temas de saúde pública. Maria Roseli Pery quer ainda uma lista com os nomes dos
agentes que não cumpriram as obrigações.
A promotora cobra
que 460 agentes comunitários também se juntem a uma força tarefa para acabar
com os criadouros na capital, já que fazem visitas mensais às casas para
acompanhar a saúde das famílias. De acordo com o diretor Cláudio Garcia, as
equipes comunitárias já ajudam a combater a dengue ao informar os agentes sobre
locais onde há risco da doença, porém não andam equipados com veneno para matar
o mosquito.
Para as
secretarias e o Ministério Público, a população precisa assumir o compromisso
de prevenir a picada do mosquito dentro de casa. "A responsabilidade
primária é do cidadão. É necessário um movimento da população", disse
Whisllay Bastos.
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