sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Segundo o Secretário da SVS os trabalhos dos agentes da dengue são de baixa qualidade


“O Rio de Janeiro sempre é um motivo de preocupação, porque é a maior cidade tropical do país e a porta de entrada de turistas. O município tem uma situação urbana que é muito favorável à proliferação do mosquito."

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, o trabalho dos agentes é mal supervisionado e cria lacunas na prevenção da doença

Duas décadas depois da primeira epidemia de dengue se alastrar pelo Brasil, o país revive (mais uma vez) o alerta para novos surtos da doença. A cidade do Rio de Janeiro está em estado de alerta. Para o verão de 2012 é esperado uma epidemia da dengue tipo 4, doença para a qual o brasileiro não está imunizado. Em entrevista ao site de VEJA, Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, falou sobre como o governo federal se prepara contra a dengue. A novidade em pauta são as novas mudanças no programa de combate à doença, que devem ser lançadas já em setembro deste ano. Barbosa respondeu ainda às críticas sobre um possível engessamento no programa, a falta de um gerenciamento mais ativo da doença e sobre a falta de um protocolo padrão para o diagnóstico da dengue. 

"Nenhum país no mundo conseguiu erradicar a dengue, ela não é considerada uma doença erradicável. Não temos um instrumento altamente efetivo, como uma vacina, que ajude a concretizar isso. As condições do mundo, entre elas a urbanização que ocorreu nos países tropicais, ajudaram a aumentar a transmissão e a evolução do mosquito. Quando a população era majoritariamente rural, era mais fácil fazer um controle."

"É possível melhorar o programa de prevenção, para isso o Ministério está fazendo uma avaliação do programa nacional. Será lançado até o fim de setembro um incentivo para qualificação do programa de dengue. Isso significa passar mais recursos atrelados à melhoria dos trabalhos realizados pelos municípios."

"O novo programa será direcionado a três blocos de ação. O primeiro é vigilância e capacidade de detecção precoce de situação de risco para epidemias. Os municípios que aderirem, farão um levantamento no número de casos em novembro, mas também em janeiro e março, para saber se os índices melhoraram ou não. O segundo é a melhoria do trabalho de campo dos agentes. Existem hoje cerca de 100.000, um número razoável, mas a qualidade do trabalho é baixa. Isso acontece porque a pendência é muito alta — quando ele vai a uma casa e não tem ninguém. Iremos estimular os municípios a melhorarem esse trabalho de campo, como dar um bônus para os agentes que cumprirem todas as visitas que estão programadas, fiscalizar com GPS de celular, ter uma supervisão melhor. É fazer que esse exército enorme de agentes trabalhe bem, porque estamos utilizando mal esse recurso. Já o terceiro bloco é focado na melhoria da qualidade da assistência ao paciente. Às vezes, o médico não sabe identificar rápido e não sabe aplicar o protocolo que deveria evitar morte."

"Estamos tentando repensar o programa. Agora no mês de junho e julho passamos por um trabalho de revisão de informações e de experiências internacionais e nacionais. Isso será consolidado em incentivos para qualificação na prevenção à dengue em três frentes: vigilância, melhoria da qualidade do trabalho de campo e melhoria da atenção ao paciente com dengue. Nós estamos também apoiando pesquisa, como nas duas iniciativas nacionais para vacina (Butantã e na parceria público privado da Fiocruz). Mas o país estabeleceu ainda uma parceria com a iniciativa pela vacina de dengue, uma aliança internacional com base na Coreia. O Brasil será o país a fazer mais estudos para elaborar estratégias para utilização da vacina."

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