domingo, 2 de abril de 2017

SVS lança o livro Vírus Zika no Brasil: a resposta do SUS

A publicação “Vírus Zika no Brasil: a resposta do SUS” é um esforço da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) para reunir em um único volume a experiência do período de um ano de trabalho intensivo para identificar a causa do surto de microcefalia que atingiu o país a partir do final do ano de 2015.
 
Com cerca de 150 páginas, organizado em sete capítulos e com 33 autores, o livro mostra o muito que se fez para saber a origem do agravo, associado ao vírus Zika, e suas consequências. Com o aprofundamento das investigações, foi possível expandir o diagnóstico para Alterações do Sistema Nervoso Central, situação para a qual ainda não há tratamento, mas cuidados paliativos para oferecer mais qualidade de vida às crianças, suas mães e familiares.

Diversas instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, continuam pesquisando as causas deste agravo por terem a certeza de que o vírus Zika não é o único agente. Investiga-se a associação de fatores sócio-ambientais no expressivo aumento do número de casos de microcefalia. Uma questão que ainda segue sem resposta. Até dezembro de 2016, o Ministério da Saúde registrou 10.867 notificações de Alterações do Sistema Nervoso Central, sendo que 2.366 casos foram confirmados.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Adeilson Cavalcante, diz que “pouco mais de um ano após outubro de 2015, quando foi feita a primeira notificação de caso, não sabemos por que o vírus Zika teve esse perfil tão cruel no Brasil, diferente de outros países, mesmo da América Latina, que registraram um número bem inferior de casos de microcefalia associada ao vírus”. E completa, “sabemos que outras causas devem estar relacionadas ao vírus Zika para provocar o cenário diferenciado ocorrido no Brasil. E, mais ainda, no interior da região Nordeste”.

As primeiras investigações de campo, feitas pela equipe do EpiSus/SVS, em parceria com a Opas/OMS, estados e municípios, mostraram que o Brasil estava diante de um problema grave e desconhecido. Em novembro do mesmo ano, ocorreu a identificação do vírus Zika no líquido amniótico de gestantes e a certeza de que aquele vírus, até então considerado não agressivo, era o responsável pelas graves sequelas ocorridas em bebês, como a microcefalia e outros agravos.

Em um ano de surto de microcefalia e outras malformações atribuídas ao vírus Zika, os cientistas do Brasil e do mundo aprenderam muito. Foi um volume de conhecimento semelhante ao de três ou quatro décadas de estudos. Nunca se publicou tanto.

Para alcançar esse resultado, duas mulheres do Nordeste do Brasil contribuíram muito para o avanço da ciência. Elas doaram amostras de seu líquido amniótico para que os cientistas pudessem identificar o que causava microcefalia em bebês.

Com esta atitude solidária, a comunidade científica conseguiu identificar o alto risco que o vírus Zika representa para as gestantes.

Nesta publicação a SVS/MS reconhece a grandeza do gesto de Maria da Conceição Alcantara Oliveira Matias e de Géssica Eduardo dos Santos, duas mulheres do interior da Paraíba, que sofreram com o diagnóstico dado a seus bebês ainda em gestação.

Este livro é dedicado às mulheres corajosas que enfrentaram o período epidêmico da microcefalia no Brasil.

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