As descobertas científicas nunca são solitárias. Fazem parte de um amplo jogo de quebra-cabeças em que vários pesquisadores concorrem simultaneamente.
Essa regra é recorrente na história da ciência e com a descoberta do virus da zika no Brasil não foi diferente. Houve muita solidariedade entre os cientistas brasileiros, mas sobraram desavenças.
É o que mostra a antropóloga Debora Diniz, professora de bioética da Universidade de Brasília, em seu instigante livro "Zika, do sertão nordestino à ameaça global" (Editora Civilização Brasileira), que será lançado na quarta (31), em Brasília.
A primeira "biografia" da zika no Brasil conta a saga da descoberta do vírus e a relação com a microcefalia a partir de relatos de pessoas do front da tragédia: pesquisadores, médicos e mulheres nordestinas infectadas pelo vírus cujos bebês tiveram danos cerebrais.
Debora também não abriu mão do método científico: fez uma revisão da literatura acadêmica, 31 entrevistas e participou de dezenas de reuniões nacionais e internacionais de saúde pública e bioética sobre a epidemia do zika. A autora, que foi infectada pelo vírus durante a pesquisa do seu trabalho anterior, o documentário "Zika", transporta o leitor para dezembro de 2014, quando uma doença misteriosa começou a circular no sertão nordestino.
Os pacientes a definiam como uma "alergia medonha". Os sintomas eram febre baixa, coceira e vermelhidão pelo corpo, que sumiam em poucos dias.
Médicos começaram a compartilhar imagens e queixas dos pacientes. Nas fotos, manchas vermelhas apareciam em pedaços de pernas, solas dos pés, bochechas. Resultados de exames de sangue eram inconclusivos. Poucos acusavam dengue, mas os sintomas não batiam.
Em meio a bíblias da medicina tropical e da infectologia, o zika passou despercebido. Até que, em 13 de março, Kléber Luz, médico de Natal (RN) escreveu a um colega: "Veja a descrição do vírus da zika, acho que é ele".
Enquanto o grupo esperava resultados de testes mais específicos, feitos na Fiocruz do Paraná, outros pesquisadores, da Bahia, anunciavam a descoberta do vírus, em 29 de abril, em entrevista à imprensa em Salvador.
Essa regra é recorrente na história da ciência e com a descoberta do virus da zika no Brasil não foi diferente. Houve muita solidariedade entre os cientistas brasileiros, mas sobraram desavenças.
É o que mostra a antropóloga Debora Diniz, professora de bioética da Universidade de Brasília, em seu instigante livro "Zika, do sertão nordestino à ameaça global" (Editora Civilização Brasileira), que será lançado na quarta (31), em Brasília.
A primeira "biografia" da zika no Brasil conta a saga da descoberta do vírus e a relação com a microcefalia a partir de relatos de pessoas do front da tragédia: pesquisadores, médicos e mulheres nordestinas infectadas pelo vírus cujos bebês tiveram danos cerebrais.
Debora também não abriu mão do método científico: fez uma revisão da literatura acadêmica, 31 entrevistas e participou de dezenas de reuniões nacionais e internacionais de saúde pública e bioética sobre a epidemia do zika. A autora, que foi infectada pelo vírus durante a pesquisa do seu trabalho anterior, o documentário "Zika", transporta o leitor para dezembro de 2014, quando uma doença misteriosa começou a circular no sertão nordestino.
Os pacientes a definiam como uma "alergia medonha". Os sintomas eram febre baixa, coceira e vermelhidão pelo corpo, que sumiam em poucos dias.
Médicos começaram a compartilhar imagens e queixas dos pacientes. Nas fotos, manchas vermelhas apareciam em pedaços de pernas, solas dos pés, bochechas. Resultados de exames de sangue eram inconclusivos. Poucos acusavam dengue, mas os sintomas não batiam.
Em meio a bíblias da medicina tropical e da infectologia, o zika passou despercebido. Até que, em 13 de março, Kléber Luz, médico de Natal (RN) escreveu a um colega: "Veja a descrição do vírus da zika, acho que é ele".
Enquanto o grupo esperava resultados de testes mais específicos, feitos na Fiocruz do Paraná, outros pesquisadores, da Bahia, anunciavam a descoberta do vírus, em 29 de abril, em entrevista à imprensa em Salvador.
Ao mesmo tempo que houve reconhecimento na primazia da descoberta, sobrou dor de cabeça ao grupo baiano. Foi submetido a sabatinas, as amostras de sangue foram remetidas a uma segunda investigação, além da acusação de importação ilegal do material usado na pesquisa.
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