segunda-feira, 4 de julho de 2016

Zika: congelar o sêmen antes de viajar para o Rio de Janeiro

Após manifestar dúvidas sobre sua participação nos Jogos do Rio de janeiro por causa do vírus Zika, o jogador de basquete espanhol Pau Gasol anunciou na semana passada que cogita congelar seu sêmen antes da eventual viagem ao Brasil.

Gasol não é o primeiro atleta a fazer declarações desse tipo. Há algumas semanas, o campeão britânico de salto em distância, Greg Rutherford, anunciou que decidira congelar seu esperma antes de participar da Olimpíada. O treinador de vôlei John Speraw, dos EUA, disse que fará a mesma coisa porque, aos 44 anos, não gostaria de esperar um ano para ter outro filho.

Os atletas e, de modo mais geral, todos os espectadores dos Jogos Olímpicos têm não só o direito como também o dever de estarem bem informados sobre os riscos de viajar ao Brasil (e não só por causa do zika, mas também de outros vírus transmitidos por mosquitos) e o possível impacto do vírus sobre seus projetos de procriação. Nesse sentido, as declarações de Gasol serviram para chamar a atenção da imprensa e abriram a oportunidade para transmitir a informação disponível aos esportistas e à sociedade em geral.

Assim como em qualquer atividade da vida, não existe risco zero em questões de saúde. No entanto, as condições de alojamento dos atletas e visitantes, a diminuição no número de mosquitos devido à queda de temperatura e o declínio observado no número de novos casos de zika no Brasil fazem com que a probabilidade de infecção pelo vírus seja baixa ou muito baixa. Caso isso aconteça, existe o risco de um homem infectado transmitir o vírus por via sexual (vaginal, anal e possivelmente oral) se não forem tomadas precauções. Até agora, todos os casos reportados aconteceram em homens que já haviam apresentado sintomas, mas esta semana foi relatado um caso na França que sugere transmissão sexual a partir de um homem assintomático. No momento, não há evidências de que as mulheres possam transmitir o vírus por essa via.

“A probabilidade de infecção pelo vírus é baixa ou muito baixa”. Apesar de ainda não se conhecer o tempo máximo de permanência do vírus no sêmen, o caso de transmissão sexual mais tardio detectado até este momento ocorreu 41 dias depois do surgimento dos sintomas. Igualmente, foi detectado material genético do vírus até 62 dias depois.

Os homens que voltarem de regiões atingidas pelo vírus devem usar preservativo durante oito semanas, se não apresentarem sintomas, ou durante seis meses, se tiverem sintomas. Isso significa que, segundo as recomendações atuais, na pior das hipóteses seria necessário esperar meio ano antes de ter relações sexuais sem preservativo.

Em qualquer caso, essas recomendações não contemplam o congelamento do esperma, uma medida que talvez possa fazer mais sentido para homens que viajam regularmente e frequentemente aos países atingidos pelo vírus e que desejem ter filhos em um curto prazo.

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