domingo, 22 de maio de 2016

Fisioterapia ajuda bebê com microcefalia

No 16º dia de dezembro, com 37 semanas de gestação, Valentina Vitória nasceu por meio de cesariana. As perninhas, com músculos rijos, recusavam-se a baixar.

Os pezinhos gordinhos, flexionados para cima. E as mãozinhas cerradas escondiam o dedão. Sequelas da microcefalia que vêm sendo tratadas com fisioterapia. Toda terça-feira, a diarista Fabiane Lopes, de 32 anos, leva a filha ao Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, de Saracuruna, em Duque de Caxias, para sessões de exercícios e alongamentos. Animada com os resultados, a mãe capricha no modelito da menina. Rola para cá, gira para lá, roda, estica, dobra. E o laço permanece, intacto.

Está sendo muito bom para Valentina. Eu só fui ver a palma da mão da minha filha numa sessão de fisioterapia, porque ela ficava sempre com a mão dura, fechada. Agora, as perninhas já abaixam, e os pés estão menos flexionados. Ela está bem mais relaxada — diz Fabiane.

A rotina de exames e consultas da criança mostra o desenvolvimento da menina, cuja fisioterapia começou ainda na UTI neonatal do Hospital de Saracuruna, onde ela passou as primeiras 48 horas de vida.

O posicionamento terapêutico do bebê já trabalha o seu desenvolvimento motor. Também atuamos com fisioterapia respiratória. Depois que recebem alta, os bebês com microcefalia são agendados para o ambulatório — diz a coordenadora da fisioterapia no Saracuruna, Elizabeth Silva.

Foi assim que, pouco antes do carnaval, em fevereiro, Valentina fez sua primeira sessão de exercícios no ambulatório da unidade de Duque de Caxias. Pelas mãos da fisioterapeuta Sara Mello, que realiza os atendimentos semanais, a criança ganha movimentos de braços e pernas.

O objetivo da estimulação precoce é que a criança consiga se desenvolver e ficar adequada à faixa etária dela. Nosso cérebro é um caminho reto, mas quando há obstáculos, ele faz rotas alternativas, e isso acontece de um jeito diferente em cada paciente — explica Sara, que, ao fim de cada atendimento, ensina exercícios para a mãe fazer com a filha em casa. — A lição de hoje é colocar a Valentina de barriga para baixo, sempre sob vigilância.

O Ministério da Saúde informou que foram notificados 7.534 casos suspeitos de microcefalia desde o início das investigações, em outubro de 2015, até o último dia 14. Desses, 3.332 permanecem em investigação e 1.384 foram confirmados. O ministério considera que houve infecção pelo zika na maior parte dos registros. A mãe de Valentina apresentou os sintomas da doença no terceiro mês de gestação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário