Desde o início do século passado, o Aedes
aegypti representa uma grave ameaça à saúde do Brasil. À época, o mosquito
era o principal responsável pela transmissão da febre amarela, só controlada
após a operação de guerra comandada pelo sanitarista Oswaldo Cruz.
O vetor foi
erradicado em 1955, mas o relaxamento das medidas de prevenção permitiu o seu
retorno poucos anos depois. Em meados dos anos 1980, ele voltaria ao
protagonismo ao difundir a dengue pelo território nacional. Desde então, as
infrutíferas campanhas governamentais, focadas em apelos à população para
eliminar os criadouros domésticos do inseto, jamais conseguiram impedir a
repetição de surtos.
A fatura de três décadas de descaso é elevada. Em
2015, um novo recorde: 1,6 milhão de infectados por dengue. Polivalente, o mosquito
passou a transmitir a febre chikungunya e, agora, encarrega-se de dar carona ao
sexagenário, mas ainda pouco conhecido, zika. Até o momento, o Ministério da
Saúde confirmou o diagnóstico de 270 bebês com microcefalia ou malformação do
cérebro, seis deles por exposição comprovada ao vírus. Outros 3.448 casos
seguem sob investigação.
Em estado de alerta, a Organização Mundial da Saúde
estima que o zika pode atingir entre 3 milhões e 4 milhões de habitantes das
Américas, onde se espalha por vários países. Epicentro da epidemia, o Brasil
deve concentrar 1,5 milhão de infectados.
A doença tem grandes chances de se alastrar por
outros continentes. “O zika irá onde o mosquito estiver”, afirma Marcos
Espinal, diretor do departamento de doenças transmissíveis da Organização
Pan-Americana de Saúde. Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido, Alemanha e
o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças emitiram alertas para
gestantes evitarem viagens ao Brasil.
Uma das 23 nações atingidas pela epidemia, El
Salvador decidiu recomendar à população que adie os planos de procriar até
2018. O governo da Colômbia emitiu alerta após a confirmação de 13,8 mil
infectados pelo vírus. As autoridades estimam que ao menos 500 crianças
colombianas devam nascer com microcefalia. Ao tomar conhecimento de um estudo
que revela a presença do Aedes aegypti em regiões populosas dos EUA, o
presidente Barack Obama enfatizou a necessidade de dar celeridade às pesquisas
para vacinas e tratamentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário