No início deste mês, o governo surpreendeu ao
editar uma medida provisória que permite o acesso forçado as imóveis no combate
ao mosquito Aedes aegypti, que
transmite, além da dengue, o zika vírus. Embora pareça invasivo, esse foi um
dos métodos usados no início do século passado pelo diretor de Saúde Pública do
Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz, que ajudou a erradicar o
vetor. O temor naquela época eram a febre amarela e a varíola.
O sanitarista montou uma brigada que seguia
um modelo militar no combate ao mosquito e aos ratos. Os agentes entravam nas
casas das pessoas em busca dos transmissores das doenças. A população também
foi incentivada a caçá-los, e o combate ocorria independentemente
da época do ano.
Em pouco tempo as medidas surtiram efeito e
em 1907 a febre amarela foi erradicada do Rio de Janeiro.
Só mais tarde, em 1955, o Brasil inteiro foi
considerado livre do mosquito Aedes
aegypti. Ima Aparecida Braga, do Programa Nacional de Controle da Dengue, e
Denise Valle, do Departamento de Entomologia da Fiocruz, explicam em um artigo
que a eliminação do mosquito no Brasil veio de uma ação articulada da
Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde, iniciada
em 1947.
As duas organizações decidiram coordenar a
erradicação do mosquito no continente, por intermédio do Programa de
Erradicação do Aedes aegypti no
Hemisfério Oeste.
"O Brasil participou da campanha de
erradicação continental do mosquito e teve êxito na primeira eliminação desse
vetor em 1955. O último foco do mosquito foi extinto no dia 2 de abril
daquele ano, na zona rural do Município de Santa Terezinha, Bahia”.
Em 1967, o mosquito foi novamente introduzido
no Brasil e eliminado em 1973. Autora do artigo “Um desafio para a saúde pública
brasileira: o controle do dengue”, Maria Lucia Penna explica que a erradicação
"se deu pela utilização do método perifocal que constituía na aplicação de
inseticidas
de efeito residual de seis meses em paredes externas e internas de todos os
depósitos domiciliares com ou sem água, assim como nas paredes próximas até 1m
de distância dos eventuais criadouros”.
"Tal método torna os criadouros
preferenciais do mosquito armadilhas mortais para fêmeas, além de
eliminar as larvas provenientes dos ovos aderidos às paredes dos recipientes
quando estes são novamente preenchidos por água”.
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