Uma pesquisa liderada pela Escola de Medicina
de Cingapura Duke-NUS encontrou a penúltima peça para o quebra-cabeça que
potencialmente pode vir a curar ou tratar a dengue. A novidade é muito
esperada e bem-vinda, tendo em vista que o vírus da doença infecta cerca de 400
milhões de pessoas em todo o mundo anualmente - e não há ainda uma vacina
licenciada disponível para tratá-la.
A professora-adjunta Shee-Mei Lok e o
pesquisador Guntur Gibriansah, ambos do programa de doenças infecciosas da
Duke-NUS, conduziram o estudo que mostrou como um anticorpo neutraliza o
sorotipo 2 do vírus da dengue (DENV-2). A descoberta pode ajudar com o
desenvolvimento de terapias contra a doença.
O vírus da dengue tem quatro sorotipos
(DENV1-4) circulando na natureza, o que torna mais difícil o tratamento. Para
ter uma proteção completa contra a infecção, uma vacina teria de,
simultaneamente, estimular igualmente uma resposta forte de anticorpos contra
todos os sorotipos. Isso, até agora, tem se provado muito difícil, já que as
vacinas fornecem diferentes níveis de proteção contra os sorotipos. Os últimos
estudos clínicos mostraram uma boa proteção contra os sorotipos 3 e 4, mas
pouco avanço contra o sorotipo 1 e nenhuma proteção contra o sorotipo 2.
Nesse trabalho, os pesquisadores
demonstraram, em detalhes, como um potente anticorpo derivado de humanos (2D22)
pode matar o sorotipo 2 da dengue (DENV-2). Em pesquisas anteriores, eles
mostraram que o sorotipo 2 é mais complexo, já que o vírus que o mosquito
carrega tem uma estrutura dinâmica que muda sua forma ou morfologia assim que
infecta humanos. Isso faz do sorotipo 2 um vírus difícil de matar. Enquanto
previamente foi identificado que anticorpos poderiam matar somente o sorotipo 2
de um certo tipo morfológico, esse novo estudo descobriu um anticorpo capaz de
matar o sorotipo 2 em todas as suas formas mutantes.
“Enquanto a aplicação de outros tipos mais
fracos de anticorpos em ratos foram anteriormente relacionados a um
desenvolvimento de mais sintomas graves, o novo anticorpo encontrado nesse
estudo não mata somente o sorotipo 2, mas também previne o desenvolvimento de
doenças severas estimuladas pelos anticorpos mais fracos. Isso claramente
ilustra o potencial de uso desse novo anticorpo para o tratamento da dengue”,
disse o professor Lok, em comunicado. O laboratório de Lok já havia
identificado, anteriormente, anticorpos que matavam o sorotipo 1 e 3.
A estratégia da professora é desenvolver
uma terapia segura combinando quarto anticorpos que inibem a infecção de cada
um dos quatro sorotipos da dengue. Seu grupo de pesquisa trabalha, agora, para
identificar um anticorpo efetivo contra o sorotipo 4 para completar o conjunto
de anticorpos e usá-lo para produzir um coquetel efetivo contra a dengue.
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