Após 20 anos de pesquisas, o laboratório
Sanofi Pasteur concluiu um estudo clínico para a produção de uma vacina contra
a dengue. Testes da vacina já apresentam resultados promissores: uma redução
global de 60,8% dos casos da doença em crianças e adolescentes de 9 a 16 anos.
Segundo o laboratório, a vacina também evitou que 80,3% das pessoas precisassem
ser hospitalizadas. Hoje, em todo o mundo, não há nenhuma maneira de prevenir a
dengue. O resultado do estudo foi publicado no periódico The New England Journal
of Medicine nesta segunda-feira (3).
De acordo com a gerente do departamento
médico da Sanofi Pasteur, Sheila Homsami, a pesquisa também apontou para uma
redução de 95,5% nos casos graves (dengue hemorrágica), ou seja, em cada dez
pessoas, nove foram protegidas contra a doença.
Muito difícil fazer uma vacina contra a
dengue, porque são quatro sorotipos diferentes. A única que chegou até este
estágio mais avançado fomos nós. Agora já podemos dizer que a dengue pode ser
prevenida por vacina. Isso é inédito.
A pesquisa foi realizada entre junho de 2011
e abril de 2013 com 21 mil crianças e adolescentes do Brasil, México, Honduras,
Colômbia e Porto Rico, que tomaram três doses da vacina, com intervalo de seis
meses entre as aplicações. Só no Brasil, 3.550 participantes de cinco cidades
brasileiras com altos índices de casos de dengue participaram dos testes:
Natal, Fortaleza, Campo Grande, Goiânia e Vitória.
Já no primeiro semestre de 2015, o
laboratório levará o dossiê com a conclusão do estudo para análise da ANVISA
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Segundo Sheila, a expectativa do
laboratório é que a agência aprove a vacina para comercialização até o fim do
próximo ano.
A vacina poderá diminuir os gastos do setor
público e também privado com a doença. Com a prevenção, conseguimos reduzir o
custo. Pois, muitas vezes, as pessoas ficam dias no hospital e, às vezes, nem
se recuperam. O impacto financeiro vai diminuir com a imunização.
A gerente do departamento médico ainda
explicou que o laboratório tem repassado informações sobre a pesquisa ao
Ministério da Saúde.
Apesar dos testes terem sido realizados com
crianças e adolescentes, Sheila explica que adultos também poderão ser
imunizados contra a doença.
O ideal é vacinar o máximo possível de
pessoas, pois quando o mosquito tem o vírus, ele pica outra pessoa e passa a
doença. Quanto mais pessoas protegidas, menor a chance de transmissão.
Portanto, quanto mais pessoas protegidas, menor a chance de circulação do
vírus.
Atualmente, existem estudos para o
desenvolvimento da vacina contra a dengue em todo o mundo, inclusive no Brasil,
como o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz. Mas nenhuma delas chegou à
etapa que o produto é testado em número grande de pessoas.
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