O laboratório Sanofi Pasteur anunciou que a vacina
experimental contra dengue desenvolvida pela empresa conseguiu reduzir em 60,8%
o número de casos da doença em estudo que envolveu quase 21 mil crianças e
adolescentes da América Latina e Caribe.
Resultados mais detalhados da pesquisa devem ser
anunciados em novembro, na reunião anual da Sociedade Americana de Medicina
Tropical e Higiene (ASTMH, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, e também
publicados em uma revista científica ainda neste semestre, de acordo com Sheila
Homsani, gerente do departamento médico da Sanofi Pasteur.
Ela afirma que, com esses resultados, a empresa
encerra a última etapa de testes clínicos, que era o que faltava para completar
o dossiê que deve ser submetido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). Essa submissão deve ocorrer no início de 2015 e, caso o órgão aprove
a vacina, ela deve passar a ser comercializada no país até o fim do ano que
vem, ainda segundo a gerente.
Os testes foram feitos entre junho de 2011 e abril
de 2013 em crianças e adolescentes de idade entre 9 e 16 anos. Participaram do
estudo Brasil, México, Honduras, Colômbia e Porto Rico.
Só no Brasil, foram 3.550 participantes que
receberam três doses da vacina, com intervalos de seis meses entre elas. Foram
escolhidas cinco cidades brasileiras com índices altos de dengue: Natal,
Fortaleza, Campo Grande, Goiânia e Vitória.
Dos quase 21 mil participantes, dois terços
receberam a vacina e um terço recebeu placebo. Segundo a empresa, o grupo que
recebeu a vacina teve 60,8% menos casos de dengue do que o grupo que recebeu
placebo. O número total de pessoas que foram infectadas por dengue durante o
estudo, porém, ainda não foi divulgado.
A vacina teve níveis de proteção diferentes para
cada sorotipo. Para o sorotipo 1, a proteção foi de 50%; para o sorotipo 2, foi
de 42%; para o sorotipo 3 foi de 74% e para o sorotipo 4 foi de 77,7%.
“Tem que ser uma vacina que proteja contra os
quatro sorotipos, mesmo que em níveis diferentes de proteção. Cada um
contribuiu para o resultado global. Hoje não tem qualquer tratamento específico
para dengue e não tem nenhuma forma de prevenção. Se a vacina consegue proteger
6 pessoas em cada 10, está prevenindo bastante”, diz Sheila.
Segundo a médica, a vacina também foi capaz de
reduzir a hospitalização por dengue em 80,3%. Quanto à segurança da vacina, ela
afirmou que “não houve morte em decorrência da vacina” e que ela foi “muito bem
tolerada” pelos voluntários.
Um estudo da mesma vacina feito na Ásia, que testou
o produto em 10.275 crianças do continente, teve seus resultados publicados na
revista científica “The Lancet” em julho. Os testes mostraram que, nesse
público, a vacina experimental foi capaz de conferir uma proteção de 56,5%
contra a infecção.
Enquanto o grau de proteção contra os sorotipos 3 e
4 foi de 75%, e contra o sorotipo 1 foi de 50%, a proteção contra o sorotipo 2
foi de apenas 35%. O estudo também mostrou que a vacina conseguiu prevenir
88,5% dos casos de dengue hemorrágica, que são os mais graves.
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