Apesar de ser o método mais usado para monitorar o
risco da dengue, o Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa) não é o mais
eficiente. Pesquisa da Fiocruz, encomendada pelo Ministério da Saúde, mostra
que pequena ‘armadilha’ que captura ovos do inseto, a Ovitrampa, é o meio mais
sensível de avaliar a infestação do mosquito.
O estudo durou dois anos e meio e analisou, além do
índice de larvas (LIRAa) e da Ovitrampa, a Adultrap, o BG Sentinel e a
Mosquitrap, armadilhas que capturam o mosquito na fase adulta. De todas, a
Ovitrampa recebeu a nota máxima nos cinco critérios analisados, foi a que
melhor pegou o ‘alvo’, além de ser a mais barata. Já o método com as larvas
recebeu a pior avaliação.
De acordo com Denise Valle, pesquisadora do
Instituto Oswaldo Cruz e coordenadora do projeto, o LIRAa analisa apenas a
presença de focos em imóveis, sem contar a quantidade dos futuros mosquitos.
“Uma tampa de garrafa e uma caixa d’água recebem a mesma avaliação, no LIRAa,
porque não é considerada a quantidade de larvas.”
A pesquisadora ressalta ainda que o levantamento
depende da busca ativa dos agentes de saúde e da autorização da entrada nas
casas, o que nem sempre acontece.
Segundo ela, a Ovitrampa consegue monitorar o Aedes de forma eficiente,
principalmente, porque reproduz o ambiente preferido do mosquito para colocar
ovos. A armadilha usa um vaso preto, água com uma substância que atrai a fêmea.
“Cerca de 90% dos ovos colocados ali são de Aedes”, disse. O estudo foi
feito em quatro regiões do país com maior incidência de dengue: Norte,
Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. No Rio de Janeiro, participaram os municípios
de Duque de Caxias e Nova Iguaçu. Agentes de saúde também participaram da
pesquisa.
No município do Rio de Janeiro, a Ovitrampa é usada
há dois anos e hoje todos os bairros da cidade recebem o equipamento. De acordo
com Marcus Vinicius Ferreira, coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde, da
Secretaria Municipal de Saúde, todo mês 3.450 pequenas armadilhas são
distribuídas. Ele ressalta, porém, que a técnica é complementar ao LIRAa e não
pode substituir o levantamento de larvas.
Segundo Marcus, o LIRAa mostra quais são criadouros
mais usados pelo mosquito de acordo com a região da cidade. “Se em um bairro
percebemos que focos estão em caixas d’água, podemos distribuir capas, por
exemplo”. O levantamento e a armadilha são feitos nos mesmos locais na
cidade.
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