Inseticidas que são comumente utilizados no
controle de pragas agrícolas podem ajudar a combater a proliferação do
pernilongo transmissor da dengue, o Aedes
aegypti. Octávio Nakano, professor do Departamento de Entomologia e
Acaralogia da Escola Superior Luiz de Queiroz (Esalq), está coordenando uma
pesquisa que aponta que uma piridina, cujo nome químico é pimetrozina, age
sobre o aparelho bucal do mosquito, que é um sugador como os pulgões,
cigarrinhas e tripés.
Segundo Nakano, o produto possui atividade
sistêmica de longo prazo, atuando por mais de dez dias em circulação na seiva
das plantas. Além do efeito por ingestão, ele destaca que o inseticida possui
efeito de contato e aumenta a sua capacidade tóxica para os insetos quando na
forma de fumigação, se formulado de forma a oferecer essa propriedade. “Notamos
que a pimetrozina demonstrou maior eficiência na medida em que eleva a
temperatura, condição que facilita a proliferação dos insetos como os
pernilongos”, comenta.
Hoje, o produto tem sido recomendado apenas
para insetos que sugam vegetais. “Seu mecanismo de ação é sobre o sistema
nervoso, basicamente sobre os nervos da musculatura que atuam no mecanismo da
salivação”. Porém, os estudos conduzidos por Nakano mostraram que o produto
atua também sobre larvas de mosquitos que vivem na água. “Elas morrem alguns
dias depois de expostas, ou seja, trata-se de um modo mais prático também para
receberem o elemento tóxico via respiração, outra característica deste grupo.”
“O interessante é que após a sua contaminação
com o inseticida, as fêmeas não conseguem mais introduzir seus estiletes na
pele humana, o que as impedem de sugarem o sangue e inocularem a saliva, às
vezes contaminada pelo vírus causador da dengue”, reforça.
Segundo o professor, testes realizados com
fêmeas contaminadas com o tóxico comprovaram que elas tentaram por cerca de 50
minutos picar a pele sem êxito, morrendo após esse período aparentemente por
exaustão e também pelo efeito do produto.
“Essa pesquisa pode abrir novos caminhos não
somente contribuindo com a eliminação da dengue, como também outras moléstias
transmitidas por insetos, inclusive a nível global. A observação de que a
pimetrozina pode afetar os mosquitos abre também caminho para sua avaliação
sobre outros tipos de dípteros como as moscas sugadoras de sangue tipo a mosca
do chifre, do estábulo e outros tipos sugadores de sangue”, finaliza Nakano.
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