Desde julho, moradores do município baiano de
Jacobina participam indiretamente de um estudo que pretende conquistar um
aliado na luta contra a dengue. Na cidade de 45 mil habitantes, pesquisadores
da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a ONG Moscamed, tentam
comprovar que a liberação de mosquitos Aedes
aegypti geneticamente modificados no meio ambiente reduz
drasticamente o tamanho da população de transmissores da doença – diminuindo
assim o número de infectados, que neste ano já chega a 1,5 milhão de pessoas,
segundo o Ministério da Saúde.
Desenvolvido pela empresa britânica Oxitec,
que detém a patente, o método consiste em inserir um gene letal no mosquito
macho, que o repassa à fêmea selvagem durante a cópula. Ela, por sua vez, gera
filhotes destinados a morrer prematuramente. Em Jacobina, levantamentos mostram
que a população de transmissores da dengue em seis meses de experimento já é
50% menor, de acordo com pesquisadora da USP Margareth Capurro, coordenadora do
Projeto Aedes Transgênico (PAT).
O método já havia sido testado em menor
escala em algumas vilas de Juazeiro, também na Bahia, com sucesso, resultando
numa diminuição de até 90% da população do mosquito da dengue.
Ferraz questiona ainda que, sem um devido
estudo, não se pode assegurar que essas fêmeas – que segundo ele chegam a 3% da
produção – não ajudarão a formar uma segunda população, que poderá crescer mais
rápido do que a silvestre e se tornar eventualmente "mais agressiva"
na transmissão da dengue.
Outra possível falha, afirma o membro da
CTNBio, seria o não monitoramento de um possível aumento do número de mosquitos
Aedes albopictus, diante da
supressão do aegypti. O albopictus
é vetor para várias doenças tropicais como malária e febre amarela.
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