A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) autorizou o início de testes em seres humanos no Brasil de uma
vacina contra a dengue.
A vacina está em desenvolvimento pelo
Instituto Butantan, em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos
Estados Unidos (os chamados NIH, do inglês National Institutes of Health).
Nos Estados Unidos, a vacina já foi testada
em animais e em seres humanos, com resultados positivos.
Segundo Alexander Precioso, do Instituto
Butantan, uma das principais dificuldades encontradas na produção da vacina é a
existência de quatro tipos de vírus que causam dengue - cada um com
características próprias.
"A vacina precisa proteger as pessoas
contra os quatro vírus ao mesmo tempo", explica o médico.
Em 2012, uma vacina contra a dengue testada
na Tailândia ofereceu proteção contra três tipos de vírus, mas falhou no quarto.
Uma vacina contra a dengue precisa ser
igualmente eficaz contra todos os quatro sorotipos porque uma proteção
incompleta poderia colocar os vacinados em risco da forma hemorrágica da doença
pelo contato com o tipo mais comum do vírus.
Na vacina experimental contra a dengue, os
quatro vírus foram atenuados, ou seja, sofreram modificações específicas em seu
genoma que os tornaram menos ativos.
Assim, o organismo de quem tomar a vacina vai
identificar os vírus enfraquecidos e passar a produzir anticorpos contra eles,
sem, entretanto, desenvolver a doença.
Os vírus foram identificados e modificados
nos Estados Unidos e, então, encaminhados para o Instituto Butantan, onde foi
realizada a cultura desses vírus e a produção da vacina brasileira.
A vacina que foi testada nos voluntários
norte-americanos foi produzida nos Estados Unidos e, lá, demonstrou ser
imunogênica: as pessoas produziram anticorpos contra os quatro tipos de vírus.
Agora, os pesquisadores irão testar a vacina
produzida no Brasil em brasileiros. "Os EUA não são um país endêmico de
dengue. Por isso é importante testar a vacina no Brasil, em uma população
exposta ao risco de contrair dengue", justifica Precioso.
Após o teste inicial, que será realizado em
300 voluntários, terá início a fase III do estudo, quando será recrutada uma
quantidade muito maior de voluntários, representando outras regiões do Brasil e
diferentes faixas etárias.
Só então os resultados estatísticos poderão
dizer se a vacina realmente funciona.
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