O Instituto Butantan aguarda a aprovação da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e da Comissão Nacional de
Ética em Pesquisa (CONEP) para iniciar os ensaios clínicos em humanos da vacina
contra dengue. A expectativa é que a resposta venha em breve, mas não se sabe
ainda precisar quando.
Após a aprovação, o instituto poderá iniciar
o recrutamento de 300 voluntários nos quais a vacina será experimentada. A
vacina, desenvolvida em parceria com o Centro de Pesquisas Clínicas do Hospital
das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), já
passou por testes em diversos grupos de 20 pessoas, nos Estados Unidos, para
avaliar sua segurança.
De acordo com o diretor-médico de Ensaios
Clínicos do Instituto Butantan, Alexander Precioso, os trâmites para obtenção
da autorização para os ensaios clínicos estão em andamento há pelo menos dois
meses. "O projeto é encaminhado, é feita uma avaliação parcial que nos é
enviada de volta para que respondamos algumas questões, devolvemos e outras
questões vêm. Já estamos respondendo outras avaliações. É um processo dinâmico
de esclarecimento, de troca de informações, até que eles emitam a aprovação
para o estudo".
Os 300 voluntários serão moradores de São
Paulo e, depois, conforme os dados coletados e avaliações, as próximas fases
incluirão cidades representativas de todo o Brasil e um maior número de
voluntários. "Nos testes feitos nos Estados Unidos, a vacina se mostrou
segura, sem evento adverso grave, e adequada do ponto de vista de resposta
imunológica. Agora, vamos iniciar os estudos com as características
particulares do Brasil, onde a dengue é uma doença endêmica", relatou
Precioso.
A vacina é tetravalente, pois atua sobre os
quatro tipos de vírus da dengue com a administração de apenas uma dose. Na
primeira fase de testes, poderão participar adultos entre 18 e 50 anos de anos,
de ambos os sexos e que não tenham nenhuma doença de base. "No processo de
recrutamento, todos os voluntários passarão por avaliação médica e exames
laboratoriais para, então, ser definida sua participação ou não no
estudo", revelou o diretor de Ensaios Clínicos do Butantan.
Os voluntários serão acompanhados por uma
equipe de médicos, enfermeiros e farmacêuticos ao longo de cinco anos, tanto
presencialmente como por contatos telefônicos periódicos. "Embora a
vacinação ocorra só no primeiro ano, posteriormente, os voluntários continuarão
sendo acompanhados para que possamos monitorar como essa resposta imunológica
que eles vão desenvolver vai se manter ao longo do tempo", explicou
Precioso. Dessa maneira, os pesquisadores poderão definir a necessidade de mais
doses da vacina.
A vacina está sendo elaborada desde 2005, em
parceria com institutos americanos de pesquisa em saúde. A estimativa é que
esteja disponível para a população entre 2014 e 2015.
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