Pesquisadores do Centro de Energia Nuclear na
Agricultura (Cena) da USP, em Piracicaba, e da empresa Bioagri desenvolveram
uma técnica de irradiação para tornar estéril o mosquito Aedes aegypti,
transmissor do vírus da dengue,
criando uma nova frente de combate da doença. A pesquisa interfere no ciclo
reprodutivo do inseto, por meio de um processo radioativo, sem fazer uso de
produtos químicos e sem gerar qualquer tipo de impacto ambiental.
Por meio de uma baixa dose de radiação gama, o
Laboratório de Radiobiologia e Ambiente do Cena conseguiu tornar infecundo o
mosquito, que até põe os ovos, mas esses não eclodem as larvas. “Usamos uma
quantidade de energia que não mata o inseto, mas provoca mudanças em seu
sistema biológico”, explica o professor Valter Arthur, coordenador da pesquisa.
O ciclo de criação passa por ovo, larva, pupa e
adulto em, aproximadamente, 14 dias, mas o processo se dá na fase de pupas, que
são irradiadas em uma fonte de Cobalto-60, fazendo com que os machos se
transformem em insetos estéreis. “Eles até copulam, mas não fertilizam as
fêmeas, que são as transmissoras do vírus da dengue, ou seja, o ciclo continua
completo. Mas, como os ovos não geram nada, conseguiremos baixar
significativamente a infestação do mosquito e, consequentemente, o da doença”,
destaca Arthur.
Os mosquitos vêm sendo criados na unidade da
Bioagri, instalada em Charqueada, interior de São Paulo, de onde seguem para o
laboratório do Cena, local onde são irradiados, num processo em que o instituto
especializado da USP detém a tecnologia há 30 anos. “Iniciamos a pesquisa há
pouco mais de três meses e ainda estamos determinando a dose esterilizante”,
diz Márcio Adriani Gava, diretor técnico da Bioagri.
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