terça-feira, 10 de julho de 2012

Dengue: ambiente favoreceu pesquisa


A capacidade tecnológica instalada, a legislação e a burocracia, geralmente apontadas como dificuldades para diminuir custos de produção, inovar, agilizar procedimentos e tornar o Brasil mais competitivo economicamente, foram fundamentais para que o país fosse escolhido para iniciar a produção em massa e os testes urbanos com o mosquito Aedes aegypti geneticamente modificado para controlar a transmissão da dengue.

A opinião é da bióloga Margareth de Lara Capurro Guimarães, professora do Departamento de Parasitologia da USP (Universidade de São Paulo), uma das pesquisadoras à frente da experiência de produção, liberação e monitoramento do mosquito geneticamente modificado em bairros de Juazeiro (BA). “Nós temos uma linha de trabalho com OGM [organismo geneticamente modificado] muito bem definida. Temos um sistema de regulamentação e temos a CTNBio [Comissão Técnica Nacional de Biossegurança] muito bem estruturada”, elogiou.

Para ela, as condições institucionais levaram o Brasil a ser o único país a sediar a pesquisa de campo com o mosquito originalmente modificado pelo Laboratório Oxitec, uma empresa incubadora originalmente vinculada à Universidade de Oxford (Inglaterra). “Há uma estruturação no Brasil que em outros países não existe. Isso faz uma grande diferença. Outros países não sabem nem por onde começar”, comparou. “É impressionante como a coisa funciona bem”. Segundo ela, o Brasil tornou-se referência mundial na regulamentação de transgênico.

A expectativa dela é, até dezembro, levar a pupa (fase do inseto antes de adulto) do Aedes aegypti para o município de Jacobina, também na Bahia. Com 79 mil habitantes, a cidade apresentou no primeiro semestre deste ano 1.647casos de dengue e duas mortes, segundo dados do Ministério da Saúde.

De janeiro a junho deste ano, foram registrados 431.194 casos de dengue em todo o país, conforme o ministério. Além da experiência com o mosquito geneticamente modificado, o Brasil tem pesquisas para o desenvolvimento da vacina contra a dengue e a produção de reagentes a partir de planta.

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