Em 2011, 0,4% da população já foi contaminada pelo vírus causador da doença. E crescem os casos do tipo 4, para o qual a população não está imunizada
Mais uma vez o Brasil se vê às voltas com uma epidemia de dengue. De acordo com dados do Ministério da Saúde, mais de 715.600 casos da doença já foram notificados este ano. É uma tragédia que se repete a cada verão, mas que em 2011 ganhou um novo elemento: o vírus da dengue tipo 4 (DEN-4). Ele já representa 4% das contaminações por dengue — em maio, era apenas 2%. A tendência é que continue crescendo e some-se aos tipos já conhecidos pelos brasileiros: os vírus DEN-1, DEN-2 e DEN-3. E, com a falta de políticas públicas que coloquem fim à doença, os brasileiros terão de lidar com um vírus para o qual não estão imunizados.
A falta dessas políticas já produziu 43 mortes só na cidade do Rio de Janeiro e 85 em todo o estado, um número 157% maior em relação ao primeiro semestre de 2010. A epidemia obrigou o prefeito a declarar estado de alerta no município, já que a população não está imune ao tipo 4 da dengue, e ao tipo 1, que esteve ausente dos últimos surtos e reapareceu este ano. “A população está suscetível a esse novo tipo do vírus.
E isso acontece por que o sorotipo 4 da dengue é um dos tipos do vírus que não circula no Brasil e, por isso, a população não desenvolveu resistência a ele. Uma pessoa que tenha tido dengue do tipo 1, por exemplo, nunca mais terá a dengue tipo 1. “O que pode acontecer é ela pegar dengue por causa de outro sorotipo, como o 2 ou o 3, e agora o 4. Quando isso acontece, a doença tem chance maior de passar para a forma hemorrágica”, diz Nogueira.
Clinicamente, a DEN-4 não é nem mais forte, nem mais fraca que os demais tipos, e possui os mesmos sintomas, profilaxia e tratamentos. A Humanidade em Risco, uma das poucas maneiras de reduzir os riscos eminentes de uma epidemia é eliminar os focos de proliferação. É preciso que os trabalhos para prevenção comecem agora, e não somente quando o verão e a temporada de chuvas começarem, diz. Para isso, basta reduzir o número de vetores transmissores, a fêmea do Aedes aegypti, e eliminar os reservatórios de água. Pode parecer uma tarefa fácil, mas não é o que tem sido feito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário