domingo, 26 de abril de 2015

Especialistas: o que está acontecendo não é uma novidade



Essa é uma epidemia que se alastra por ondas. Uma hora ela está mais forte em um lugar, outra hora, em outro. Isso acontece de acordo com a presença do vetor e de pessoas que ainda não tiveram aquele sorotipo.

Por um lado, as temperaturas mais elevadas devido ao aquecimento global têm contribuído para aumentar a população de Aedes aegypti. Paralelamente a isso, temos um processo de urbanização caótico. O terceiro problema é a circulação de pessoas. Quanto mais gente com o vírus circula, maior a probabilidade de você ter contato com vetores. 

Pode ser, mas tenho minhas dúvidas. O Aedes aegypti não precisa destes novos reservatórios de água para se proliferar. Mesmo sem crise, já existem recipientes com água suficientes para a proliferação.

O Aedes aegypti é o mesmo. O que existe é uma dificuldade logística para controlar o bicho. Imagine quantos milhões de possibilidades existem para a proliferação do mosquito em uma cidade como São Paulo. Ainda que todos os mosquitos fossem mais suscetíveis a um determinado inseticida, como você chegaria até eles?

Os programas de controle têm um grau de ineficiência reconhecido. Não há condições de estar todo momento na casa das pessoas. Segundo, cerca de 30% dos imóveis que os agentes tentam visitar estão fechados. Só estes já justificam uma manutenção do mosquito. Terceiro, a dificuldade de acesso aos locais. Qualquer inseticida mata o mosquito, o problema é de logística. Para resolvê-lo, precisaria colocar o Exército nas ruas.

Toda a sociedade tem culpa. As pessoas colocam culpa no governo e jogam lata de cerveja pela janela, que pode se tornar um criadouro de Aedes aegypti. Você tem uma coleta regular do lixo na cidade, mas atira o lixo pelo muro no terreno baldio. A gente tem que colocar na cabeça que este é um problema coletivo.

Você tem que ter um programa contínuo de controle de vetores, mas a dengue tem uma característica de epidemia explosiva, que acelera muito rápido. Quando chega nesta situação, é preciso mobilizar mais forças para dar conta do recado. É isso que ele está fazendo agora.

Estamos chegando a uma situação hiperendêmica, em que a transmissão nunca mais voltará a zero. O único jeito da gente acabar com essa doença seria a vacina que deve sair no ano que vem. Mesmo assim, vai demorar muito. O Aedes aegypti se adaptou muito ao ambiente urbano e tem muita oportunidade de sobrevivência. É muito difícil acabar com ele e, portanto, com a dengue. O que precisamos fazer é tentar diminuir os vetores. 

Obs.: Só com muita prevenção por parte da população e dos gestores, seja ele federal, estadual ou municipal.

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